Dia Cinzento

 

Era dia cinzento de inverno mas o vento que vinha do mar refrescava a pele causando pequenos arrepios. Era o último dia que estariam juntos depois de dois ou três dias que se reencontraram.
Saíram a passear observando e admirando a paisagem numa estrada de chão batido margeada por um pântano lindo, onde a vegetação oferecia ao olhar tons maravilhosos de verde ,e garças chegavam à busca de alimento.
Introspectiva, ela pensava como disfarçar a inquietação que teimava em chegar apontando que os dias seriam sempre pobres de beleza na ausência daquele homem que arrebatou, e fez nascer em seu coração o sentimento do amor.
A noite foi chegando aos poucos, trazendo uma chuvinha gostosa que caia no telhado da pequena casa que os abrigava , num barulho tranquilo como uma daquelas cenas que acontece nos filmes românticos.
Ela era intensa nos gestos, nas expressões e no amor que transbordava .
Sabia que o amava mas percebeu que ele trazia um medo imenso da entrega do amor. Ele a queria mas ao mesmo tempo vivia o receio do pertencimento.
Ela sente que a distância não é geográfica e sim do medo eminente da entrega.
Como dizer do seu amor, como tocar seu corpo, como falar da saudade , do vazio imenso que sua ausência iria causar , se ele era tão despreparado para amar?!
Sozinha encheu sua velha caneca de cafe , inspirou sentindo entrar o cheiro da terra molhada pela chuva fina que caia toda a tarde ,e teve a certeza que seguiria sozinha a contemplar aquele pântano renovado pelas chuvas do inverno tão cheio de vida a alimentar as garças .
Ela seguiu alimentada pelas lembranças de um amor.

LS.